domingo, 26 de abril de 2009

Delicatessen Jazz

Sim, eles são gaúchos. Não andamos só à cavalo e nem só cantamos chamamé.
Um pouco antes de me formar, lá em 1984 -já vai tempo- descobri que existia música na propaganda. Como assim? Na faculdade não mostravam isso assim, de frente e publicamente. Comecei como estagiária numa produtora de áudio chamada Plug Produções Fonográficas. Seus donos eram -infelizmente ela fechou- Geraldo Flach, que acredito, dispensa apresentações e Sepé Tiaraju de los Santos. Enquanto um era um músico renomado, o outro era um produtor nato. Sepé fez Direito no Rio e se transformou em produtor na antiga Polygram. Voltou as raízes e se transformou num músico. Ele não sabe tocar nenhum instrumento, mas compõem como ninguém. Foi ele quem me colocou dentro do estúdio, primeiro fazendo locução e depois, já mais acostumada, fazendo backing vocal para layout de jingles. Neste momento fui dominada pela música e seu staff. Fiquei viciada em música.
Assim também é Beto Callage. Quando entrei para a propaganda o Beto Callage já era um dos Papas da criação em uma grande agência. Depois abriu a sua e continuou sendo um Papa. Lembro de escutar que ele começava sua criação pela música. Era louco por música, digo, ainda é. Lembro que comentavam que ele quando viajava leva uma camiseta na mala e voltava com ela cheia de cds. Música do mundo inteiro. Jamais estive tête-a-tête com Beto Callage, mas muitos dos seus trabalhos eu produzi quando trabalhava na Plug.
Depois fui morar fora do Brasil deixando o mercado de propaganda para o passado. Lembro que quando voltei, fui visitar parte do pessoal que trabalhava comigo na Plug e então estavam em outra produtora. Naquele dia haveria um show num bar. Um músico era do Nenhum de Nós, outro era Carlos Badia e muitos outros. Já haviam passados dois anos e eu já tinha desintoxicado da música. Voltei a ficar viciada. Lembro tão bem deste show, pois foi como um lavar de alma depois de tanto tempo sem escutar algo que me fizesse estremecer por dentro. Foi quando conheci Carlos Badia. Eu era da velha e ele começava a despontar no mercado publicitário.
Não voltei jamais para a propaganda e procurei não voltar mais aos shows ao vivo para não recair.
Então apareceu o Delicatesse Jazz. Alguns conseguem resolver seus vícios de forma mais adequada e o Beto partiu para a ação. Se juntou com o Badia e colocou sua alma para fora. Assim nasceu o Delicatessen Jazz.
Ana Krueger é uma cantora como tantas outras que vi nascer. Começou cantando propaganda pela mão de um briefing -terminologia que significa: apresentar a proposta- e não sair dela, pois o cliente paga a conta e o produto precisa ser vendido. Sua voz é limpa, é linda, é delicada, como pede os ouvidos que irão escutá-la. Ainda bem que o Beto a descobriu!
Delicatessen mostra que é bom escutar inglês de brasileiros e que arranjamos bem um jazz, mas mais do que isso, é possível fazer bossa fora do eixo Rio-São Paulo.
Gaúchos também fazem jazz, fazem bossa. E nova.





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