quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Indo e chegando em Roma

Acho que por causa da primeira experiência que tivemos nas highways da Itália, decidimos sair muito cedo de Florença em direção a Roma. Também decidimos não entrar em nenhuma cidade para não ter a dúvida de pegar a noite na estrada. Paramos, é claro, para almoçar e abastecer. Na Itália você pode escolher pagar um pouco mais caro pelo combustível e ter alguém para fazê-lo por você ou, você mesmo abastecer seu carro. Escolhi a segunda alternativa que era nova para mim e mais barata. Não sei se porque já estávamos preparadas para a correria italiana ou se porque era dia, a estrada parecia mais amena, mais tranquila. A caminho de Roma, quase chegando lá tivemos o ímpeto de querer entrar numa cidade que avistamos da estrada, mas a razão nos fez permanecer no caminho a Roma. Afinal, todos os caminhos conduzem a Roma, diz o ditado! Mal sabíamos que após iriamos conhecer esta cidade: Bracciano.
Mas, se todos os caminhos conduzem a Roma há uma explicação para isso. Toda Itália leva ao ponto zero e ele se chama Roma. Esta cidade é circundada por um anel rodoviário e nela desembocam 07 vias, dentre elas, a mais conhecida, a Via Ápia, a primeira via romana.
Já em Roma não seríamos mais turistas comuns, não pararíamos em hotel, mas sim na casa da prima da Carmen. Ela é embaixadora do Paraguay em Roma.
Com certeza vocês não sabem, mas além de ser brasileira de nascimento e coração, outra parte do meu coração é dedicado ao Paraguay. Porquê? Porque minha irmã casou com um Paraguayo, porquê meus sobrinhos foram criados lá e porque este país recebeu minha irmã de braços abertos. Não ousem falar mal deste país perto de mim! Viro uma leoa.
Ana, o nome da embaixadora, havia nos dito por e-mail, que sua casa ficava no caminho da Via Cássia, ou seja, a via que vinha da Toscana, ou seja, do norte para o sul. A princípio deixaríamos o carro no aeroporto Leonardo da Vinci, em Fiumicino, e depois iríamos para sua casa. Mas, trocamos os planos! Graças a Deus, graças aos santos! Ao seguir suas explicações bastaria olhar para cima e vislumbrar a bandeira Paraguaya. E assim foi a salvação! Estávamos em território seguro! Ali começamos a sentir que estávamos voltando para casa!
Ana é uma mulher jovem, diplomata de carreira e, diga-se de passagem, linda carreira! É casada com Carlos, também paraguayo e também na carreira diplomata. Ele trabalha na embaixada do Paraguay no Vaticano. Eles têm um lindo filho chamado Juan Carlos e duas meninas paraguayas que cuidam de todos. Fomos recebidas em família. Linda família!
Com a ajuda de Ana retiramos nossa bagagem, que diga-se de passagem, já tomava a maior parte do carro. Não pelas compras, mas porque quanto mais ao Sul, mais quente e assim as roupas mais volumosas saiam do corpo e passavam para as malas. Parecíamos 04 muambeiras brasileiras atravessando a ponte da Amizade. Sim, porque quem faz contrabando na ponte da Amizade são brasileiros e não os Paraguayos!
Deixamos nossa bagagem em casa e fomos em direção ao aeroporto. Foram 40 km de distância que sem a ajuda de Ana não sei como teríamos percorrido. Achar o local de entrega da Hertz neste aeroporto teria sido um desastre, mas nada como alguém que sabe tudo!
Depois, como boas mulheres fomos a um shopping outlet de marcas finíssimas para tentar comprar presentes aos maridos. Não fomos bem sucedidas. Não por falta de opção, mas por falta de capacidade de compra mesmo. Era outlet, mas os preços seguiam muuuito caros para nós!
A noite, cansadas, dormimos enquanto Ana e Carmen colocavam as notícias em dia.
Preparadas para a nova jornada rumamos para o centro de Roma.
Via Cássia leva ao bairro de Cássia, que fica a uns 12 km de Roma. São 30 minutos de trem e depois, mediante uma ligação com o metrô, ao local desejado. Isso pode parecer longo, mas se você for fazer de carro pode levar, mais ou menos, 1:30h. Sim, o trãnsito em Roma é louquíssimo!!!! Avassalador!
Primeira parada, Coliseu. Depois de uma fila dominical, a entrada. Não pensem que enquanto estiver na fila poderá ver muito, pois estará tão perto que nada será possível.
A história do Coliseu não é nada bonita, mas sua arquitetura é linda! Depois de construído ele foi palco de mortes e então seu chão é banhado de sangue. Sangue humano e animal. Esta história é contada em livros, filmes e por guias. As apresentações no Coliseu duravam 3 dias seguidos e paravam 1 dia para descanso. Durante a manhã era o momento da caça: homens matavam animais. Os animais que sobreviviam precisavam de comida, então vinha o momento onde os traidores tinham a sua chance de provar que eram inocentes, assim, de mãos atadas e sem defesa, eram jogados às feras famintas. Então, elas almoçavam. Durante a tarde vinham os gladiadores, que preparados e armados, lutavam contra as feras. Ou seja, sempre morria alguém! Animal ou humano e sob aplausos de platéia... Me senti mal lá dentro, confesso. Mas, passando a outra parte mais amena da história deste monumento, posso contar que ele era revestido todinho, por dentro e por fora, de mármore. A parte que se vê hoje caída foi por causa de um terremoto, porém o restante sobreviveu intacto, ou seja, revestido. Mas, como após o término de seus espetáculos mortais, o Coliseu ficou fechado por apenas 120 anos, acabou sendo saqueado. Contam os guias que muitas casas de Roma tem suas mármores e as outras foram levadas pelo Vaticano. Hoje, mármores no Coliseu, existem apenas sobre as tribunas dos senadores, pois ali estavam gravados seus nomes. Os nomes dos últimos senadores antes do fechamento. Quando reaberto ao público, para visitações, foi colocada uma cruz em memória e em louvor às várias vidas que ali foram sacrificadas.
Ao lado, o Forum, o Palatino, as termas de Caracala e o Circo Massimo, onde ocorriam as épicas corridas de biga, hoje um campo, um parque desfrutado por todos.
Roma tem apenas duas linhas de metrô. Não porque queiram, mas porque toda vez que começam a cavar para fazer outra linha, encontram mais ruinas e assim estas escavações acabam por se transformar em sítios arqueológicos à céu aberto. E porque esta cidade é um museu ao céu aberto, você jamais verá suas edificações pintadas em cores como rosa, verde, roxo, azul os seus derivados. Roma tem uma norma e assim suas edificações somente podem ter as cores terrosas: amarelo claro, ocre e marron avermelhado. Todas são assim, com o seguinte acréscimo: um cinza que advém da chuva ácida e dos vapores dos carros diesel. A grande maioria dos carros italianos são diesel. Pequenos, mas diesel. Pobre camada de ozônio!
Ao caminhar pelas ruínas do Palatino e do Forum Romano é possível passear por jardins, ruas largas (e não haviam carros), muitas escadas (haviam muitos escravos para subir e descer e servir) e muitas homenagens pessoais. É impressionante perceber o quanto eles gostavam de se auto retratar em esculturas monumentais! Ali, sabe-se o quanto o ego do ser humano pode ser grande! Também em suas paredes retratavam, o que na época poderia ser lindo, mas hoje, vejo como barbárie: humanos amarrados indo em direção a morte junto aos animais famintos. Então descobre-se o verdadeiro significado da palavra bárbaro...
Cada imperador, ao ganhar uma batalha fazia um arco. Então esta cidade tem muitos arcos. O mais famoso é o Arco de Constantino, até porque ele foi o primeiro a se converter cristão católico. E não pense que você entraria por uma delas naquela época, pois não entraria. A maior era para o imperador, as laterais para seus comandados e heróis de guerra, as laterias, sem arco, para o popolo, digo, povo.
Dentro do Palatino e do Forum Romano haviam setas indicativas para a casa de Augusto. Não me dei conta até chegar realmente em frente a sua ruina. Era a casa de Augusto Cesar, o imperador. Nada como ser íntima e apenas lembrar de um nome, né?
Turistas ali não faltam e cada um tem a certeza que seu idioma é único. Assim, quase no final desta via turística, ouvi atrás de mim uma senhora dizendo para o marido: Sabe o que estou a fim de comer? Uma pizza e uma salada. E, também em bom português, respondi: eu, um feijão com arroz! Caímos na risada! Com certeza eles estavam no início da viagem, eu, já quase no final!
Eis uma foto inédita: Eu, abastecendo um carro! Não é difícil e até acho que poderíamos reinvindicar este desconto aqui no Brasil.

Alguns dias mais tarde viríamos a conhecer esta cidade linda: Bracciano.


A foto no Shopping Outlet onde um italiano achou que deveria aparecer.
Muito simpático, o rapaz! Mas levamos um susto!
Agora a foto sem ele: Carmen, minha mãe, Ana e Jackie, minha irmã.


O Coliseu por dentro e numa vista de corte: a esquerda mostra como era seu piso coberto, ao centro, o subsolo.

Os corredores do subsolo onde eram preparados os animais e os humanos que subiriam para o espetáculo. Como subiriam? Por elevadores! Elevadores puxados por escravos, mas elevadores.

O Arco de Constantino

O centro de uma nave em ruina
Ruinas em meio aos jardins do Palatino
Pelas janelas do Coliseu pode-se ver o outro lado da rua e as cores das casas de Roma.


Pontas de colunas que sobraram após o terremoto. Estavam em exposição dentro do Coliseu.

Um mosaico retratando a realidade dos espetáculos.

A vista que Cesar tinha.

A direita, abaixo, a bancada branca são os lugares dos senadores, onde ainda há mármore.

A cruz in memorium.

Uma escultura em cerâmica que sobreviveu ao terremoto. Estava em exposição. Para mim a mais bonita, pois na minha interpretação apenas sobreviveu a parte do rosto que já estava envergonhado por tanto sangue...


Aqui, além de mim e minha mãe, você pode ver muitos furos nas paredes. Não foi um ataque aéreo, mas sim onde as pedras de mármores eram afixadas nas paredes. Parece que foi metralhada, né?...

Do centro do Forum Romano puxei com zoom o Monumento a Vittorio Eamanuele. Depois iríamos conhecer.

Ruinas de uma igreja junto a cidadela da antiga Roma.

Nas paredes, a retratação das barbáries...

absurdas barbáries...
E mais um arco dentro do Campidgoglio

Assim foi nosso domingo em Roma. Começamos pelo Coliseu. Mas não paramos por aí. Há muito mais...

Buonna Sera





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