quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Conhecendo um pouco o interior da Toscana

Depois de recorrer a cidade de Florença pegamos o carro novamente e fomos conhecer os arredores. Antes de tomar o susto com o preço do estacionamento e sabendo que teríamos que pagar mais uma noite, decidimos que o trajeto inicial seria direto a Pisa. Isto porque o Louvre nos ensinou que devemos ir direto aos locais que mais nos interessam. Para encontrar a Vênus de Milo percorremos quase todos os locais onde já havíamos passado e no fim descobrimos que estivemos tão perto que posso afirmar que os pés doeram mais do que já doiam.
Como já havia nos sido dito, Pisa é a torre. Não precisa querer ver mais, até porque não tem. É uma cidade universitária onde ter a Torre de Pisa foi a grande movimentação desta cidade. Ela é tudo, e tudo está a volta dela. Mas, e sempre há alguns mas, para chegar perto e as portas da Igreja é preciso passar por uma multidão enorme de turistas. Se fosse só isso seria fácil, porém, na grande maioria americanos, esse turistas estão postados no meio do caminho, local onde é possível tirar uma foto onde as mãos ficam como que sustentando a torre inclinada. Manda o manual de etiqueta do bom turista que se deve esperar enquanto o outro tira a foto. Porém nesta situação eles querem ser tão precisos que ficam muuuuuuuito tempo mandando ir um passinho mais para lá, outro para cá e assim parece que dançam um "passo doble"! A paciência acaba e então você passa, deixando a paciência para quem vem atrás. E olhando por cima do seu ombro percebe que eles permanecem lá e todos que vinham atrás de você, estão atrás de você, ou seja, o protocolo também foi quebrado! Acho que só americanos têm paciência com americanos neste tipo de situação.
Esta torre, ou seja, o campanário da Igreja, é algo especial. Você fica pertubado, não só pela visão mas pelo fato de tirar a fotografia. Na hora de enquadrar a foto você não sabe se faz o alinhamento pela base (chão) ou se pela torre. Você perde a referência. Ao redor há um fosso raso onde não há água, mas poderia ter, e sobre ele foi feito uma mini passarela que leva à porta de entrada. Esta porta é coberta por telhado improvisado, ao estilo "estamos em obras". Bem, porque explicar isso? Porque a passarela e o teto têm caimento para o lado oposto que a torre cai! Então você fica mais perturbada ainda!
Na sua entrada é mostrado, por meio de painéis em vários idiomas, o que está sendo feito para mantê-la em pé, já que o terreno onde ela está era um pântano. Vá conhecê-la amanhã, pois jamais saberemos se ela vai continuar em pé por muito tempo. Optei por não entrar. Por que isso? Primeiro porque a fila era e-nooooooor-me; porque entravam de 15 em 15 pessoas; porque, talvez, se eu não entrasse você poderia conhecê-la assim como eu...fiz minha parte, né?
O mesmo que acontece com a torre, salvadas as devidas proporções, acontece com o piso da Igreja e arredores. Eles estão afundando. Desta forma quando você anda por ali pode ter surpresas desagradáveis! Olhando para os lados, esquece de olhar para baixo e o piso não ajuda...vi muitas destas cenas.. Se você não quiser comprar um telefone de mármore, uma torre de gesso barômetro e outros souvenires similares é hora de zarpar. A torre está vista! Quanto tempo durou? Duas horas, lá na torre.
Então tomamos o caminho de volta em direção a Volterra e San Giminiano. São cidades medievais que pararam no tempo. Como assim? São cidades muradas, onde há uma entrada e uma saída, que fechadas...bem, fecham a cidade. Antigamente ao seu redor externo havia um fosso de água, mas agora há estacionamentos, pois nelas é proibido estacionar. Você entra com o carro, atravessa a cidade olhando, mas não para, pois ali, cada local de estacionamento é marcado para o automóvel da cidade que tem sua placa escrita no local. Estas cidades não são planas, logo estar apto a subir muito, é a primeira opção. Lá fomos nós!
Primeiro Volterra, pois foi ali que aprendemos que o carro não entra. Entramos com ele, pois estava chovendo e nos vimos loucas! Gostaria que fazer parte da família Jetson e acionar um botão e encolher o carro a ponto de colocar dentro da bolsa. Na verdade, me senti assim em toda a europa. Carro é sinônimo de problema! E, se você tem este problema é porque tem dinheiro para pagar por ele: essa é a mensagem que se recebe.
Apenas atravessamos a cidade, pois a chuva começou forte, isso porque para chegar lá é alto, é serra e quanto mais alto, mais úmido. Cidade linda!
Assim, ao baixar vimos o mais perto possível um arco-íris! E imaginamos o que seria San Giminiano e rezamos para não estivesse chovendo. Não estava.
Lá, deixamos o carro do lado de fora e, pernas para que te quero!
Ao subir, todas as surpresas são maravilhosas...suas pequenas tabacarias, seus pequenos cafés, suas pequenas galerias de arte, suas pequenas lojas de vinho...portinhas, portinhas e portinhas...uma mais encantadora que a outra! Em cada lateral uma micro rua e em algumas carros vinham, não sei como, mas ali trafegavam carros...depois fui perceber que todos eles tinham macro arranhões nas laterais e seus espelhos retrovisores eram remendados com fita crepe. Não compre carros italianos do interior, e se puderem me ouvir, nem das grandes cidades, pois todos são assim...deve ter sido daí que nasceu o carro lasanha, "máquina lasagna"! Então lá, na parte mais alta da cidade você chega a um grande largo, assim como uma grande praça! É o grande centro: um poço de água onde moedas são atiradas com pedidos; cafés; restaurantes e hotéis. Num deles, numa parede externa, lemos uma matéria sobre a cidade e então lembramos de uma reportagem, creio ter sido do Globo Repórter ,sobre esta cidade que numa determinada época do ano os habitantes se vestem de forma medieval. Homens se dispõem a fazer disputas sobre cavalos com longos varões de guerra; há a dança das fitas, onde vários bailarinos ao passarem, uns por baixo dos outros, tramam as fitas num tronco. Alguma semelhança com a dança das fitas do folclore gaúcho não deve ser mera coincidência. Você corre ao poço central e atira vários euros para poder voltar, pois os comerciantes da cidade não vivem ali, mas sim nos arredores onde existem várias propriedades de agriturismo. Sabem quando você pesquisa na internet por Toscana e aparecem "pousada ou hotéis" maravilhosos? São ali, nos arredores. Todas as moedas são válidas. San Giminiano vale cada uma delas! Só para conhecimento ela é uma cidade considerada pela Unesco, patrimônio da humanidade!
Ao descer, em direção a Florença, você percebe parques de estacionamento enormes de Motorhomes. Já tivemos um, mas muuuuuuito maior que os que estavam ali. Então entendemos que na temporada de férias eles são a maioria das "casas" e assim todos podem aproveitar daquela região maravilhosa!
A Toscana no outono é terra preparada. Preparada para quê? Para a neve. Assim, onde naquelas terras que tiveram girassóis e videiras espetáculares, nesta época há aragem, serragem e tudo que possa mantê-la viva para a próxima colheita. Mesmo assim ela é linda! As antigas oliveiras seguem altivas, as árvores de caquí ainda com frutos, as parreiras baixas, sem frutos, mas magnanimas. A Toscana tem sua beleza em qualquer época do ano e vale a pena conhecê-la em todas elas.
Depois de ir lá foi fácil perceber porque o nosso imigrante italiano escolheu as terras mais altas, quase sempre as mais difíceis, mas sempre as mais belas e de cultivo lindo. Nossa serra gaúcha não deixa por menos, apenas onde aqui há araucária, pinheiro e ipê; lá tem cipreste e pinheiros muito diferentes dos daqui, pois parecem mais suculentos. No mais, a paisagem só muda pela economia que eles tiveram que se adaptar e pelas condições que tiveram para reproduzir a sua saudosa Itália. Mesmo assim, nos brindaram com uma tela que jamais poderíamos pintar sem ter tido nossos olhos postados sobre ela e muito menos sem ter saudade em nosso coração.
Assim fica aqui um convite para você conhecer a serra gaúcha, a nossa Toscana com pinceladas nacionais.

Saluto!
A primeira foto da torre com a parede lateral da igreja para mostrar a inclinação

O alto da torre

A fila já formada

Sua Igreja

Uma modesta pousada, hotel....agriturismo do caminho de volta
A paisagem


Mais paisagem

Caquí e videiras

Videiras

Uma rua de Volterra. Olha o carro aí, gente!

O arco-íris que nos brindou...

Volterra lá em cima

Uma rua de San Giminiano. Aqui passa carro...

A rua principal que atravessa San Giminiano, no seu início

Uma rua, apenas para pedestre....graças a Deus!

Portas, portinhas e restaurantes que abririam após às 19h

Foto de uma foto da Toscana colorida...

...eu não poderia perder! Sabe-se lá quando a moedinha vai me fazer voltar, né?

O centro e os turistas

A fachada de um hotel e de uma pousada no centro de San Giminiano

Maravilhada ao lado do poço de água depois de ter jogado meus euros....

Ruas que passam carros!!!!... e pedestres, por óbvio!

O muro da cidade e sua vista
Os fundos das casas

Vinhos, pães e salames numa portinha encantadora!


A aquarela de uma "aquarela" real

O atelier-portinha da artista

Mais uma rua para você perceber a verdadeira dimensão

Um banheiro público. Olha que lindo!

Um varal sobre uma rua de San Giminiano

Vinhos, cobre, artesanato e antiguidades da região...quase comprei tudo!

Os muros externos e, estacione se puder, onde tiver e se quiserem lhe dar lugar!
Ou seja, vire-se!
PS: Você viu algum carro estacionado dentro da cidade? Havia, mas diga-me: onde seria possível? Pois é, mil coisas...

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