sábado, 5 de junho de 2010

Uma noite de outono

Não se faz mais outono e inverno, aqui no Sul, como antigamente. Hoje, dia 04/06/2010 foi o primeiro dia que, depois de sucessivas tentativas de espera com o tempo, acendi minha lareira.
É a primeira vez que acendo depois de separada, e pasmem, assistindo o seriado Separação, na Globo!
Brincadeirinha. O fato é que, apesar de estar mais frio pela manhã e a tarde, pode-se usar mangas curtas e à noite aparece um calor úmido, que acender uma lareira é chamar um sarampo para o corpo. Não se faz outono e inverno, na capital deste estado, como antigamente!... Pelo que sei, Curitiba, a capital do Paraná, é mais frio que Porto Alegre!
Mas, não resisti. Como comumente, calor na rua e frio dentro de casa, acendi para inaugurar a lareira que sempre quis ter. Porquê? Meu ex fez uma decoração na lareira que parecia uma lápide e eu imaginava que seria enterrada ou cremada ali mesmo. Ele não fazia fogo, mas sim incêndio!
Depois de refeita, e agora muito mais aconchegante, não aguentava mais esperar...
Assim, ao fazer o fogo, só e feliz, pude perceber porque as americanas, nossas maiores referências fazem suas técnicas conforme a metereologia.
Lá, elas saem durante o verão para aprendizados e workshop. Lá, elas quiltam seus trabalhos começados no inverno em frente suas lareira.
Aqui somos um país enorme e com uma variedade enorme de temperatura.
O norte me perguntará: O que eu tenho que ver com teu frio? Nada. Mas, apesar de estar no mesmo país precisamos pensar na meteorologia.
Quando seco, precisamos tingir e pintar. Quando úmido, pensar no projeto e no quilt. Quando frio, aproveitar o fogo e quiltar. Quando no verão e veraneio, pensar no projeto.
Para elas, o verão, tempo de pesquisa e aprendizado; tempo de projeto e olhos atentos na máquina de fotografia; tempo de preparar tecidos no tingimento e pintura. O outono é tempo elaboração e procura de materiais para a hibernação. O inverno, de trabalhar, desenvolver, e processar todo este trabalho.
Percebo que por aqui no Sul é a mesma coisa. Se você levar isso para o Brasil, num todo, é possível fazer a mesma coisa, desde que comecemos a respeitar a natureza. Não estou dizendo que respeitamos menos, mas acreditamos menos naquilo que sabemos mais.
Ouçam mais seus pássaros, seus ossos, seu pulmões, seu ritmo, seu tempo de tratar, de semear a terra, de esperar que ela gemine e de trabalhar a colheita. Tudo isso a natureza ensina.
Apenas acredite, que escutar e olhar é o suficiente.
Você verá nas fotos que estou queimando um porquinho. Uma tábua em formato de porquinho. Ela me acompanhou por 10 anos e os cupins descobriram que ela era apetitosa. Então, chegou a hora da cremação.
Ontem, meu primeiro amor e namorado partiu. Ele foi cremado. Eu estive junto a ele. Ele, que foi o primeiro em minha vida em tudo que me era importante, também foi o primeiro a me dar o sentimento de finitude. Minhas lágrimas queimam junto ao fogo da minha lareira...Jamais o esquecerei...Minha saudade e amor persisitirão, porque sempre foram ambas e íntegras...


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...