domingo, 2 de janeiro de 2011

2011 começa com desrespeito ao cidadão

Há 32 anos atrás, na praia de Itapema, quando ainda havia areia branca, poucas casas e nenhum edifício, uma menina teve suas raquetes de frescobol retiradas pela fiscalização. Para reavê-las foi obrigada a ter uma audiência com o prefeito. Dele escutou um sermão e voltou para casa cabisbaixa.


Hoje, com 47 anos essa mulher que aprendeu o respeito por meio da vergonha de uma mínima infração percebe que de nada adianta respeitar, pois a Municipalidade é quem infringi e para com ela não adianta recolher as raquetes de frescobol.

São 32 anos pagando impostos, implorando segurança, requerendo paz, limpeza urbana, pagando mais impostos e vendo, a cada ano, que nada é feito.

Saiu na imprensa que Itapema foi a cidade que mais cresceu. Deve ser um índice civil, e se for, é correto, mas na ordem, na segurança, no planejamento e no respeito ao cidadão que aqui vive e que aqui escolheu para buscar seu descanso e paz e, quisá, plantar sua aposentadoria, a municipalidade dá as costas e abre os braços para o rejeito humano que vêm da BR 101.

31 de dezembro de 2010. Automóveis se atupetam pleiteando uma vaga de estacionamento na pequena faixa de beira mar, no canto norte da cidade que fica no centro. Esse é o único local onde há passagem de automóveis na orla. Esses carros que já transtornam a vida dos moradores. Seus carros são equipados com caixas e mais caixas de som e seus donos querem escutar suas “músicas” dentro da água. Mesmo estando ao lado do carro o volume é tão alto que tenho certeza, serão surdos em pouco tempo. Eles não sabem o que são artelhos, eles não tem mais artelhos.

A municipalidade não tem a sensibilidade de fechar o trânsito e deixar a rua e a praia para seus contribuintes. Ela pleiteia o espaço nobre aos carros. Vi muitos atropelamentos, vi arrancadões, vi desrespeito. Fui vítima de agressão, não escutei os fogos de Ano Novo, pois a “música” era mais alta. Liguei incessantemente para a Polícia (190) que, quando atendeu, apenas me disse que tinha mais de 400 chamadas. Em outras vezes desligava na minha cara. Liguei para o número direto da polícia civil de Itapema: atendiam e desligavam sem dizer uma palavra. Na frente da minha casa dois carros ocupavam o IPTU que pago há anos, uma barraca de praia se instalou sobre a calçada e ali beberam a noite toda, jogaram fogos a noite toda, dormiram no chão com crianças de colo e menores que não poderiam, por lei, estarem naquelas condições, amanheceram bêbados e continuaram a nos prvocar. Nós, eu e meus pais, trancados dentro de casa, sem dormir e não conseguindo nem escutar o que era dito ao telefone quando, por um milagre a polícia atendia. Às 5h do dia 01/01/2011 os carros com seus megas volumes saíram, mas o rejeito da BR 101 ficou jogando foguetes de hora em hora. A polícia não veio, a polícia montada que passou não fez nada, uma viatura que chegou mais próximo mudou seu rumo na quadra anterior. Nós não dormimos, não vimos o ano novo chegar, não escutamos aos fogos, não chegamos na orla para oferecer flores e percebemos que nossos impostos foram jogados no lixo.

Quem veio a pé fazer suas oferendas saiu dali por não agüentar o volume e eles, o rejeito da BR 101, que não paga impostos, que não vive aqui, que não soma em nada, tomou conta do espaço do povo com o consentimento e a benção da prefeitura e da polícia.

O Prefeito não honrou com seu compromisso de segurança e ordem pública, a polícia não apareceu até hoje, mas os impostos foram pagos.

Nesse momento conclamo a razão da população Itapemense, nesse momento em que podemos mostrar um pouco de força. Não paguem seus impostos à vista. Esqueçam o engodo do desconto. Nele está embutido o descaso com o centro da praia, o descaso com o povo daqui, a desordem que nos é imputada com essa avenida que não desafoga o trânsito, mas afoga a vida.

Itapema seria um balneário fantástico se a municipalidade enxergasse seu potencial, se percebesse que a cidade é do cidadão e não do farofeiro, se fizesse cumprir a lei e multasse e apreendesse os carros com som alto (acima de 80 decibéis), se recolhesse as barracas daqueles que vieram dormir, comer, sujar e intimidar sua população (assim como fizeram com as raquetes de frescobol), se tivesse uma polícia ativa e treinada para atender ao cidadão, atendendo e atuando, se mostrasse àquele que aqui vem que qualidade de vida e qualidade de gente é o foco da administração. Se só, e apenas só fizesse cumprir a lei. CUMPRIR E FAZER CUMPRIR A LEI.

Quem vem do Sul lê, ao chegar na entrada de Itapema, que essa seria a capital do Ultra Leve. Não vemos ultra leves nos céus da cidade. Não vemos ultra leves em parte alguma dessa cidade. Talvez, lá seja o paraíso, nos céus de Itapema, pois aqui, na terra, o descaso da polícia e da municipalidade fez o inferno.

Eu sou aquela menina que teve a audiência com o prefeito para reaver suas raquetes de frescobol. Hoje sou uma mulher que foi desrespeitada, agredida, teve sua liberdade cerceada, não foi assistida pela ordem pública, está com uma inflamação no ouvido, tem seu pai desorientado dentro de casa por conta da noite estúpida a que foi submetido e, que decidiu que a partir de hoje fará campanha aberta para contar a quem quiser saber como é passar o Ano Novo em Itapema, como é veranear em Itapema, como é ser agredido em Itapema e mostrar a quem quiser o carnê de IPTU para mostrar quanto custa o desrespeito, o descaso, a insegurança.

Sujiro a essa municipalidade que gosta da escória que pleitei junto ao governo federal a instalação de uma penitênciaria, cerquem a orla, pois nos primeiros dias do ano será possível apenas fechar os portões já que todos foram recebidos de braços abertos. Uma municipalidade que dá ao povo o que acha que ele merece e oferece lixo não sabe que o povo que é bem tratado e respeitado trata bem a sua cidade e seus governantes.

Um comentário:

byRaquel disse...

Nina, somos desrespeitados todos os dias, e ficamos calados, por ver q nada q fizemos ou falamos adianta, admiro o q escreves e faço minhas as tuas palavras. Um GRANDE abraço.

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