sábado, 24 de janeiro de 2009

Terminando Roma e a Viagem

Em primeiro lugar peço desculpas por tanto tempo sem postar e também agradecer a todos que aqui vieram para seguir lendo sobre minha viagem. Terminar 2008 e iniciar 2009 foi turbulento por motivos de saúde.
Agora parece que posso voltar a vida de uma forma mais normal.
E para terminar a Itália e a viagem creio que ser genérica é a melhor forma. Ir as Catacumbas na Via Sacra, onde não é possivel fotografar, e descobrir que os túmulos pagãos são os mais conservados porque os católicos cristãos os tapavam de terra para não serem vistos é luxo; perceber que o Vaticano é minusculo em tamanho, mas enorme em riqueza é sentir dor na crença; ser convidada especial para uma audiência pública com o Papa, sentar a 4 cadeiras dele, mesmo não sendo católica praticante toca a fé de qualquer um; visitar o Vaticano por dentro, pelos seus jardins, pelas suas capelas e cúpulas sem pagar nada (a esta altura da viagem) foi uma dádiva financeira; não enfrentar filas dentro do Vaticano para tanto, uma benção; visitar o tumulo de João Paulo II, perceber sua lápide de mármore branca, limpa e simples e ao lado uma rosa vermelha é emocionante; olhar de longe e depois de perto o que deveriam ser pinturas e descobrir que são mosaicos no alto da cúpula da Basílica de São Pedro é um assombro da arte; enfrentar uma escadaria infindável para vê-los e depois prosseguir para mais alto ao redor de sua cúpula para vislumbrar Roma do alto é um desafio (a minha claustofobia); enfrentar a má vontade de um romano para explicar onde ficava Vicolo Guardiola, ali, ao lado da Fontana de Trevi para fazer uma foto na rua com meu sobrenome é um teste para a ira (até porque ele estava ao lado e depois de muito custo disse: a prima sinistra - primeira a esquerda-....argh....10 metros dali...de onde estávamos...de onde ele estava...); visitar a cidade de Braccianno, seu castelo principal onde havia uma exposição de um artista plástico brasileiro residente em Nova Iorque é ficar orgulhosa; descobrir que este castelo foi o local do casamento do Tom Cruise é um espanto; enfrentar as estradas sinuosas que levam até esta cidade em velocidade romana é nauseante; conversar com o produtor de queijos e salames da cidade que também administra sua venda é lúdico; ver nossa bandeira tremulando nas janelas das embaixadas de Roma e do Vaticano é motivo de orgulho e saudade; passar ao lado do Berlusconi no meio da rua, não perceber imediatamente que é ele, pois os seguranças chamam mais atenção e são muuuuuuuuito mais altos e interessantes é entender que as fotos do jornal não fazem jus a realidade; descobrir que já está na hora de voltar e que sua cama e casa fazem falta é reconhecer que o cartão de crédito paga tudo, menos a paz do seu lar.
Assim, ainda neste Natal, lendo o livro Comer, Rezar e Amar, justamente na parte do Comer que se passa em Roma, pude perceber que mesmo a autora tendo sentido uma Roma mais charmosa e glamorosa que a que vi, tivemos a mesma impressão sobre muitas coisas: o trânsito enlouquecido, a loucura das pessoas que não falam com você ou as que falam como se quisessem matar você, a poluição encrustada na história, a história sendo descoberta a cada buraco, a diferença entre a realidade da vida do romano e das vitrines de Roma, a linda vida do interior com sua qualidade e a agitação da capital. Ler este livro me fez perceber que não deveria dizer aqui onde ir, o que ver, como fotografar e porque fazê-lo, mas sim dizer que perder-se na Europa é sempre a melhor pedida, e deixar dias livres para poder transgredir seu roteiro inicial por ter descoberto ali, in loco, algo mais interessante é perceber que não temos a obrigação de ir onde os guias nos mandam, mas sim onde nos dá mais prazer. O que conhecermos sempre será o nosso guia e fará parte de nossas lembranças.
Não vá para compras, mas compre o que gostar naquele momento, naquela loja. Você jamais voltará a passar por lá novamente. Se isso acontecer, jogue uma moeda, pois será um milagre.
Sei que temos um sentimento de obrigação de entrar em todos os museus e ver todas as obras, assinhó, quase que como uma obrigação de assimilar uma cultura que nos foi negada. Não pense assim. Vá, entre e olhe apenas o que lhe interessa. Mas olhe, aprecie, sinta e assim esta obra ficará gravada na sua pele. Do contrário, em algum momento de seus pensamento você se perguntará: Eu vi isso? Eu estive nesse lugar? A overdose de informação também trás a desinformação. Faça a sua viagem, despreocupada de ter a obrigação de contar aos outros que você foi também naquele lugar ou de explicar porque não foi naquele outro lugar.
Aproveite bem o café da manhã do hotel. Faça sanduiches roubados para o almoço, leve iogurtes para o jantar e não pense que você é único nesta empreitada. Todos fazem isso!
Sente naquele restaurante carééééésimo, peça uma água da casa, um cafézinho, tire uma foto e depois mostre que esteve lá. As socialites fazem isso e ainda saem na coluna social, então porque você também não pode? Se for para voltar a um locar histórico faça para fotografar a noite. Eles ficam mais atraentes neste horário e menos populosos também.
E agora uma dica super, ultra, hiper especial, que apenas descobri depois que cheguei em casa, com meus pés escamando de tanto suor dentro do tênis: use desodorante roll on, sem perfume nos pés. Eles não suarão, não terão mau cheiro e não chegarão em casa secos e escamados.
Assim, para terminar esta viagem vai a última foto das 4 andarilhas, cansadas, com muita bagagem e rezando para encostar o corpinho jovem num banco incomodo de avião e quando acordar saber que já estávamos em terra brasileira, quase em casa.
Comer mamão pela manhã no aeroporto de São Paulo nem o cartão de crédito paga!
Na próxima postagem já falaremos de patchwork.
Um beijos grande a todos, Feliz Olhar Novo, obrigada por estarem comigo e compartilhar esta aventura.
ArrivederCi!


Aqui, no aeroporto de Barajas, em Madri, a caminho.



Aqui, no aeroporto Leonardo da Vinci, em Fiumicino, na despedida.


Um comentário:

MCelia disse...

OI, Simone, vc não me conhece.... sou brasileira , casada com um lindo italiano, moro em Pomezia a 20km de ROMA. Procurando curso de patchwork em Roma , caí aqui e me deliciei com seu texto sobre a viagem, não só pela maneira gostosa que vc escreve mas também pela empolgação que deixa passar através das palavras.
Que bom que vc foi até Bracciano, um passeio lindo como esse , não se deve perder.
Ainda não encontrei meu curso , mas encontrei emocionada num momento saudoso a descoberta de uma visão perfeita da vida e das pessoas de Roma.Parabéns, saúde e felicidade.
Meu nome é Maria Célia\ email mcelia@terra.com.br

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