quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ponderações...

Sobre arte, artistas, mercado e público.
Já comentei que entrei num grupo, ou coletivo, artístico oriundo da Cowparade. Eu e outra colega somos as únicas sem vacas. Todas são pessoas ma-ra-vi-lho-sas! Eis um coletivo criativo, sem dúvida. Porém, a cada reunião, a cada projeto futuro a ser discutido, me sinto menor.
Eu sei que tenho potencial para o pincel iniciado há muito tempo atrás, mas são apenas dois anos de investimento nesse potencial. Eu sei que tenho conhecimento de têxtil e da técnica de manejo do pano que ninguém do grupo tem, mas também sei o quanto ela é menosprezada, sub utilizada, sub vista, preconceituosamente vista como coisas de costureira. Não! Jamais alguém colocou isso. São elocubrações pessoais. Porém, a cada reunião vou diminuindo e saio de lá pensando: O que estou fazendo aqui?
Eu sei que tenho bagagem mercadológica, de planejamento, organizacional, mas vejo artístas com a arte na mão, oriundas do DNA!
Me propus a fazer duas técnicas diferentes. Dois cubos. Um pintado e outro têxtil. A cada reunião tenho dúvidas dos dois. Não sei se o que domino é o suficiente. Não sei se ao que sou potencial tenho, efetivamente, potencial.
O que vejo são pessoas seguras, donas de seu talento - e bota talento nisso - que sabem de onde vêm e para onde vão. Não sei nada disso. Já contesto meu projeto têxtil. Já considero uma porcaria. Vou continuar. Vou colocar minha cara na roda. Não me considero uma artísta plástica, apesar de minha irmã dizer isso. E, ela é artísta plástica.
É um coletivo que soma, logo têm velhas estradas e novos horizontes. Conhecimento e estrada percorrida X novas ideias e ímpetos. Todos são perfeitos e não encontro a classe média ali. Eu sou a classe média! Enquantos muitos discutem a gratuidade de projetos futuros eu penso que se com nome ou não, é preciso saber para onde arte do Brasil está indo. É algo antropológico! Um questionamento antropológico!
Somos o país da vez. Sabemos disso! Está em todos os jornais. Mas, as disparidades nacionais também estão. E, nossa história pregressa fala mais alto em nossas mentes.
O que o país da vez faz com sua arte?
Eu sou a classe média e não sei. Você sabe?



Eis um detalhe, ainda na produção, do meu projeto em pano. Apenas a face 06 de um cubo. Fundo e detalhe prontos numa parte. Em outro, a base em espera.



Mais esperas, mais detalhes, mais alfinetes, panos....coisas de costureiras. Fazemos arte? Eu acho que sim...mas já não sei mais...



PS: Meu cubo, em fase de pintura tenho medo de mostrar. Nem ao menos detalhes...estou fragilizada. Preciso da antropologia, talvez...


domingo, 16 de janeiro de 2011

Panos, Pontos, Tintas, Pincéis

Vou começar com meu making off. São dois cubos por artista e resolvi fazer duas técnicas diferentes. Vou passear pelos pincéis e tintas, e com agulhas, linhas, panos e pontos.

Nas tintas e nos pincéis, a liberdade.

Nos panos e nas agulhas a matemática. Tudo é matemática. Tudo é calculado. Tudo é bem pensado e resolvido. Precisão de cirurgião! Aliás, vocês verão o ferramental de cirugião: ferro especial, mini tesoura para detalhes, tesoura especial de corte pequeno, tesourão, micro pedaços de tecidos...Ufa! E ainda nem cheguei nas linhas e nas agulhas.

Ontem comecei a face 06 do projeto. Somente a base. Já consegui um dedo queimado, mas isso faz parte! A gente sempre sabe, mas a empolgação faz dessas coisas.

Vamos às fotos!


Ontem: a base projetada, os primeiros tecidos e um tempo para pensar, com vinho e cigarro.

Hoje: a base pronta, o ferro onde queimei meu dedo e o ferramental apropriado. Tem muito mais trabalho pela frente! E essa é apenas a face 06. Há mais cinco.

[Art]³ = Arte ao Cubo



Seis faces iguais.

Essa é a composição de um cubo, sempre mais conhecido com dado.

Um dado: 1, 2, 3, 4, 5 e 6 = Seis lados.

Arte ao Cubo - [Art]³ - é isso.

Seis faces de arte. Vinte seis artistas, dois cubos por artista = 56 cubos e 336 telas ou faces de arte.

Essa é a exposição que o Coletivo Criativo SOMAISARTE irá apresentar na Usina do Gasômetro, Porto Alegre, dos dias 24 de maio a 19 de junho de 2011.

Será uma mostra interativa onde você poderá movimentar as peças fazendo a sua tela, a sua instalação, a sua decoração. A foto é sua, a arte é nossa.

A partir de hoje você poderá acompanhar o making off do preparo dessas obras no blog do Coletivo Criativo Somaisarte.

Detalhes apenas, de cada técnica, de cada artista, de cada obra.

Mas não se preocupe. Mais próximo da exposição, você será convidado.



sábado, 8 de janeiro de 2011

Eu odeio chinelos de dedo

Sim, eu odeio. Eu sei que os chinelo de dedo ganharam o mundo com sua graciosidade e que custam muito caro aqui e fora do Brasil. Eu sei que eles até ganharam edições especiais mais caras ainda. Mas, pergunto, de que adianta vestir de cristal um pé maltratado e sujo?
Nessa época do ano, depois de anos trancados em sapatos fechados, os homens obtêm alforria e colocam seus chinelos de dedos. É um atentado público beirando ao terrorismo. Caminhando no Parcão nesse sábado pude comprovar mais uma vez o destrato que os homens concedem a seus pés e às cenas horrorosas a que nos submetem. Pés sujos, unhas grandes, calcanhares duros, ou seja, jamais viram uma lixa, uma podóloga, uma pedicure.
Slap, slap, slap. Esse é o ruído de quem não sabe andar, arrastando o solado na areia, e levantando mais pó e encardindo mais o pé já sujo. Clap, clap, clap é o outro ruído, daqueles que fazem o solado bater no calcanhar de forma furiosa.
Não adianta fazer campanha na TV para dizer que é proibido dirigir com chinelos de dedos, pois os calcanhares estão imundos pelo acelerador. O tamanho é outra situação. Parece que para usar chinelos de dedos é preciso comprar um número menor ou igual, deixando assim o calcanhar de fora ou os dedos saindo na frente. Justinho, justinho, justinho e os slap, slap, slap e os clap, clap, clap...
Não entendo porque homens não fazem os pés! Deve ser coisa do DNA.
Fui para a Padre Chagas ver se a realidade era outra. Doce ilusão. Lá estavam eles, sentados nas mesas, se sentindo a última bolachinha do pacote com seus pés sujos e maltratados, agora sendo balançados ansiosos esperando por aquele chopp bem gelado...Dantesco.
Sim, eu odeio chinelos de dedos. Eles enfeitam os pés de modelos fotográficos que antes passam por um tratamento e na foto não tem cheiro, não tem unha suja, não tem...Ah!, e sobre eles cabe todo o pé!
Não é uma questão de idade, classe social ou gosto. Homens e chinelos de dedo não foram feitos um para o outro se o hábito de fazer a saúde dos pés não faz parte da rotina.
Se esse for seu caso, esconda-os. O fetiche feminino agradece.
E, assim, menos pó será levantado no Parcão e todos nós agradecemos.


domingo, 2 de janeiro de 2011

2011 começa com desrespeito ao cidadão

Há 32 anos atrás, na praia de Itapema, quando ainda havia areia branca, poucas casas e nenhum edifício, uma menina teve suas raquetes de frescobol retiradas pela fiscalização. Para reavê-las foi obrigada a ter uma audiência com o prefeito. Dele escutou um sermão e voltou para casa cabisbaixa.


Hoje, com 47 anos essa mulher que aprendeu o respeito por meio da vergonha de uma mínima infração percebe que de nada adianta respeitar, pois a Municipalidade é quem infringi e para com ela não adianta recolher as raquetes de frescobol.

São 32 anos pagando impostos, implorando segurança, requerendo paz, limpeza urbana, pagando mais impostos e vendo, a cada ano, que nada é feito.

Saiu na imprensa que Itapema foi a cidade que mais cresceu. Deve ser um índice civil, e se for, é correto, mas na ordem, na segurança, no planejamento e no respeito ao cidadão que aqui vive e que aqui escolheu para buscar seu descanso e paz e, quisá, plantar sua aposentadoria, a municipalidade dá as costas e abre os braços para o rejeito humano que vêm da BR 101.

31 de dezembro de 2010. Automóveis se atupetam pleiteando uma vaga de estacionamento na pequena faixa de beira mar, no canto norte da cidade que fica no centro. Esse é o único local onde há passagem de automóveis na orla. Esses carros que já transtornam a vida dos moradores. Seus carros são equipados com caixas e mais caixas de som e seus donos querem escutar suas “músicas” dentro da água. Mesmo estando ao lado do carro o volume é tão alto que tenho certeza, serão surdos em pouco tempo. Eles não sabem o que são artelhos, eles não tem mais artelhos.

A municipalidade não tem a sensibilidade de fechar o trânsito e deixar a rua e a praia para seus contribuintes. Ela pleiteia o espaço nobre aos carros. Vi muitos atropelamentos, vi arrancadões, vi desrespeito. Fui vítima de agressão, não escutei os fogos de Ano Novo, pois a “música” era mais alta. Liguei incessantemente para a Polícia (190) que, quando atendeu, apenas me disse que tinha mais de 400 chamadas. Em outras vezes desligava na minha cara. Liguei para o número direto da polícia civil de Itapema: atendiam e desligavam sem dizer uma palavra. Na frente da minha casa dois carros ocupavam o IPTU que pago há anos, uma barraca de praia se instalou sobre a calçada e ali beberam a noite toda, jogaram fogos a noite toda, dormiram no chão com crianças de colo e menores que não poderiam, por lei, estarem naquelas condições, amanheceram bêbados e continuaram a nos prvocar. Nós, eu e meus pais, trancados dentro de casa, sem dormir e não conseguindo nem escutar o que era dito ao telefone quando, por um milagre a polícia atendia. Às 5h do dia 01/01/2011 os carros com seus megas volumes saíram, mas o rejeito da BR 101 ficou jogando foguetes de hora em hora. A polícia não veio, a polícia montada que passou não fez nada, uma viatura que chegou mais próximo mudou seu rumo na quadra anterior. Nós não dormimos, não vimos o ano novo chegar, não escutamos aos fogos, não chegamos na orla para oferecer flores e percebemos que nossos impostos foram jogados no lixo.

Quem veio a pé fazer suas oferendas saiu dali por não agüentar o volume e eles, o rejeito da BR 101, que não paga impostos, que não vive aqui, que não soma em nada, tomou conta do espaço do povo com o consentimento e a benção da prefeitura e da polícia.

O Prefeito não honrou com seu compromisso de segurança e ordem pública, a polícia não apareceu até hoje, mas os impostos foram pagos.

Nesse momento conclamo a razão da população Itapemense, nesse momento em que podemos mostrar um pouco de força. Não paguem seus impostos à vista. Esqueçam o engodo do desconto. Nele está embutido o descaso com o centro da praia, o descaso com o povo daqui, a desordem que nos é imputada com essa avenida que não desafoga o trânsito, mas afoga a vida.

Itapema seria um balneário fantástico se a municipalidade enxergasse seu potencial, se percebesse que a cidade é do cidadão e não do farofeiro, se fizesse cumprir a lei e multasse e apreendesse os carros com som alto (acima de 80 decibéis), se recolhesse as barracas daqueles que vieram dormir, comer, sujar e intimidar sua população (assim como fizeram com as raquetes de frescobol), se tivesse uma polícia ativa e treinada para atender ao cidadão, atendendo e atuando, se mostrasse àquele que aqui vem que qualidade de vida e qualidade de gente é o foco da administração. Se só, e apenas só fizesse cumprir a lei. CUMPRIR E FAZER CUMPRIR A LEI.

Quem vem do Sul lê, ao chegar na entrada de Itapema, que essa seria a capital do Ultra Leve. Não vemos ultra leves nos céus da cidade. Não vemos ultra leves em parte alguma dessa cidade. Talvez, lá seja o paraíso, nos céus de Itapema, pois aqui, na terra, o descaso da polícia e da municipalidade fez o inferno.

Eu sou aquela menina que teve a audiência com o prefeito para reaver suas raquetes de frescobol. Hoje sou uma mulher que foi desrespeitada, agredida, teve sua liberdade cerceada, não foi assistida pela ordem pública, está com uma inflamação no ouvido, tem seu pai desorientado dentro de casa por conta da noite estúpida a que foi submetido e, que decidiu que a partir de hoje fará campanha aberta para contar a quem quiser saber como é passar o Ano Novo em Itapema, como é veranear em Itapema, como é ser agredido em Itapema e mostrar a quem quiser o carnê de IPTU para mostrar quanto custa o desrespeito, o descaso, a insegurança.

Sujiro a essa municipalidade que gosta da escória que pleitei junto ao governo federal a instalação de uma penitênciaria, cerquem a orla, pois nos primeiros dias do ano será possível apenas fechar os portões já que todos foram recebidos de braços abertos. Uma municipalidade que dá ao povo o que acha que ele merece e oferece lixo não sabe que o povo que é bem tratado e respeitado trata bem a sua cidade e seus governantes.

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