terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Uma paisagem na janela


Há 36 anos eu vejo esta paisagem. Este "há" poderia ser de tédio, mas não é. É sempre um prazer inenarrável arrumar as malas e atravessar o estado em direção a praia.
Itapema me viu adolescer. Cheguei aqui com 15 anos e nunca mais deixei de vir. Quem era pequeno, cresceu. Quem já era grande, amadureceu. Os jovens que tinham filhos pequenos agora têm filhos jovens, os cômoros de areias brancas agora são pequenos montinhos e a cidade cresce a olhos vistos. Mesmo assim, com mais turistas (percebam a petulância de já me sentir nativa)esta cidade/praia não perde seu encanto.
Da sacada, todos os dias vejo o sol nascer, o barco de pesca sair da água, os guarda sóis chegarem e partirem ao anoitecer. Em dias de lua cheia vejo ela nascer no horizonte. E, assim, ano após ano um espetáculo se faz frente aos meus olhos.
Hoje resolvi mostrar um pouco deste paraiso que posso usufruir. Fiz uma panorâmica muito grosseira para mostrar a baia que contemplo. A esquerda o morro do Cabeço, ao centro o horizonte e a direita a Meia Praia e Porto Belo.
São 17h de uma terça-feira de dezembro e eu estou aqui tranquilizando meus olhos e minha alma para entrar 2010 revigorada.
Aproveitem comigo...





Um detalhe do morro do Cabeço


E, já há alguns anos, o Brasil e o mundo para por aqui e conhece nossas maravilhas.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vestido com as armas de São Jorge

Com esta frase escrita no anel que carrego no dedo “pai de todos” cheguei na praia junto a Iemanjá. Este anel vem da troca das minhas alianças e foi escolhido justamente porque São Jorge é protetor e guerreiro. Nada melhor para mim neste momento de vida.
Ocorre que há 9 anos atrás eu havia comprado uma gargantilha que trazia pendurada todas as armas dos Orixás e a usava todos os dias. Passado um tempo já não a usava mais todos os dias e em 2005 a levei para uma festa, na bagagem, e nunca mais a encontrei. Procurei muito e por todos os lados. Junto com ela procurava um colar que minha amiga Sara havia recuperado após romper e cair algumas pedras. Nada, nem um e nem outro. Num belo dia dei por perdido ou roubado e disse em voz alta: Quem o tenha que seja muito feliz! E, então, esqueci.
Ao chegar na praia este ano, assim como em todos os outros, a gente se depara com muitas arrumações para fazer e então, um vazamento na pia do meu banheiro trouxe um encanador para o conserto. Tive que retirar todas as toalhas e utensílios de dentro, e lá no fundo, bem no fundo, havia uma necessarie antiga. Uma daquelas que você procura, sabe que tem mas não acha, sabe como é? Olhei feliz por encontrá-la e a abri. Primeiro gritei pelo colar que a Sara arrumou; depois pelo colar de prata com o símbolo junguiano (também não o encontrava) e depois peguei um cordãozinho de couro preto que nem percebi o que era...e ali estava minha proteção de tantos anos! Gritei desesperadamente...
Neste momento percebi que meus Orixás haviam me desprotegido para me proteger melhor!
Assim, Vestida com as armas de São Jorge; com as armas de todos os Orixás e mais a mandala de Jung sei que estou preparada para findar 2009 com meu melhor e entrar em 2010 com a alma plena, a mente altiva, os sonhos esperançosos, e com a certeza de que sempre estive protegida, mesmo achando que estava esquecida.
A todos vocês um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!
Nos vemos em 2010!
Beijos a todos.






domingo, 13 de dezembro de 2009

Chocolarte Café quase terminado

Então, sabe aquele quadro que mostrei ainda em formação? Aquele que não deveria mostrar, pois o que está em andamento é feio?
Bem, para mim, está terminado! Quarta-feira levarei para a aula e assim colocarei para aprovação, terminação, ou não, do Rodrigo, meu professor.
Eu e minha irmã nos encontraremos na praia para as festas de final de ano e assim ela poderá levar. Tenho medo: medo dela não gostar; medo dela gostar muito e pedir para repetir para os outros cafés; medo dela encomendar outros mais, que somados as mantas que já encomendou bem,... seria uma overdose de trabalho encomendado! Tenho pânico de encomenda e prazos...
Sou ruim de encomenda e de repetição! Reconheço.
Nesta fase que estou, dizem, aflora a criação. E foi num dos piores dias que fiz o projeto deste quadro. Agora, em fase de assentamento do espírito, já começo a pensar em outras coisas. Preciso de pano, de união de panos. Meu atelier está como se eu tivesse atirado uma bomba dentro dele! Nesta cidade só chove e parece que chega o inverno! Quando, dizem, é verão!...Tudo conturbado! Claro, por óbvio, essa sempre foi a única peça da casa onde quem determinava a lei era eu. Assim, tudo o que ficaria para depois era colocado ali. Na espera... Amanhã termino meu trabalho de patchwork. O atelier está tão desorganizado que não tenho onde pensar, onde colocar algo, onde recortar, onde medir, mas vou terminar assim mesmo, pois em janeiro colocarei tudo no lugar. Minha exasperação se concentra ali, onde a paciência era cultivada... e foi justamente ela que terminou.
Aqui, Chocolarte Café para vocês, assim em primeira mão:




E, para perceberem a minha tortura do atelier, aqui vai:






Deve ser por isso que eu só pinto...

Boa Noite!....


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Comer, Rezar e Amar

Não, não estou copiando um título, mas sim querendo falar sobre um livro.
Antes falei de um filme, agora sobre um livro.
Eu o li, mas no verão desse ano de 2009. Na verdade, o devorei. Me vi em muitas páginas ali escritas, mas não havia tomado nenhuma atitude na minha vida.
As coisas aconteceram e assim, hoje, falando com minha prima que o quer emprestado - adoro emprestar livros e cultura e conhecimento - percebi que parte destas páginas eu acabei de passar, de viver.
Elizabeth Gilbert é a escritora, e também a pessoa que vive a história. Sim, uma história com H, por que é real. Na verdade ao começar a ler esse livro você se depara com uma amiga que está sentada na sua sala contando 1 ano de sua vida que começou com uma separação.
Como assim? Uma separação? Bem, no mundo de hoje separações são fatos tão rotineiros que dizer que estamos fazendo alguma boda, é que é irreal!
Transcrevendo a descrição sobre o livro, feita pela PubliFolha, mostro a vocês a leitura que me encantou nesse verão e que agora, percebo, pelo mantra que entoei ao longo deste ano - aquele que ela conseguia para sua meditação -, e que me encantou e levou a decisão derradeira: a separação.
Não! Não foi o livro que me levou a isso, mas foi o livro que também me ajudou a perceber quem eu era e em quem me tornei. Hoje procuro me reencontrar novamente e, junto com isso, baixar 10 kilos que adquiri ao longo desses 9 anos...longos anos...
Sim, fui feliz. Sim, amei. Sim, sei onde errei. Sim, sei onde erraram. Sim, sei o que não quero mais. Sim, sei o que quero daqui para frente. Um início. Uma vida resgatada. Essa sou eu, hoje.
Nesta noite havia programado terminar meu trabalho de patchwork, esse que tenho que levar para a praia. Não vou fazer. Estou aqui escrevendo para saberem que liberdade é tudo e, fazer por prazer, é melhor ainda. Amanhã termino. Sei que posso. Sei que faço.
Agora, a resenha:
Elizabeth Gilbert estava com quase trinta anos ( e eu com 46 anos) e tinha tudo o que qualquer mulher poderia querer, mas em vez de sentir-se feliz e realizada, sentia-se confusa, triste e em pânico. Enfrentou um divórcio, uma depressão debilitante e outro amor fracassado ( ainda não passei por isso e nem quero!). Até que decidiu tomar uma decisão radical: livrou-se de todos os bens materiais (não fiz isso, mas tive que fazer com alguns para trocar por minhas filhas peludas, minhas cachorrinhas), demitiu-se do emprego (jamais faria isso, e não o fiz), e partiu para uma viagem de um ano pelo mundo - sozinha (pretendo fazer isso na época do meu aniversário, pois minha mãe quase morreu e pensou que jamais voltaria a ver Paris. Voltaremos para ver parte da França e Paris, novamente. E, o melhor, sem culpas!). "Comer, Rezar, Amar - A Busca de Uma Mulher Por Todas as Coisas da Vida na Itália, na Índia e na Indonésia", da editora Objetiva, é a envolvente crônica desse ano (2009). Em Roma, estudou gastronomia, aprendeu a falar italiano e engordou os onze quilos mais felizes de sua vida (tenho que perder os 10 kilos mais infelizes da minha vida). Na Índia, com a ajuda de uma guru indiana e de um caubói texano, dedicou-se à exploração espiritual, comungou com o divino e viajou durante quatro meses (não vou a ìndia, mas começarei com a minha Yoga que quero há muito tempo). Já em Bali, exercitou o equilíbrio entre o prazer mundano (já experimento) e a transcendência divina (isso virá com o tempo). Tornou-se discípula de um velho xamã, e também se apaixonou da melhor maneira possível: inesperadamente. Escrito com ironia, humor e inteligência, o best seller de Elizabeth Gilbert é um relato sobre a importância de assumir a responsabilidade pelo próprio contentamento e parar de viver conforme os ideais da sociedade. É um livro para qualquer um que já tenha se sentido perdido, ou pensado que deveria existir um caminho diferente, e melhor.




Se dê o tempo de comprar este livro. Se dê o tempo de ler este livro. Se dê a forma que gostaria de ler um livro. Não! Ele não vai fazer você se separar, mas fará você ver uma forma de se sentir uma mulher mais feliz. Pelo menos questionar suas felicidades...e infelicidades.
Aproveite!


sábado, 5 de dezembro de 2009

Coco antes de Chanel

Para quem gosta de costura assistir a este filme é um aprendizado, em doce deleite.
Em meio a uma vida dura e difícil, na verdade poderia ser dito, nada glamourosa, o olhar desta mulher mostra que a genialidade já nasce com a pessoa.
Isso não quer dizer que não se possa treinar o olho e a percepção. É possivel, sim.

Coco-ricó, de onde vem seu apelido, que se transformou em marca e estilo, tinha isso desde sempre. Seu olhar percebia coisas fora de sua época: comodidade, simplicidade, estravagância de combinação e cor no preto. Na sua ótica, ser era mais importante que parecer. E, isso é algo que devemos aprender com ela. No patchwork também.
Essa semana fui ao Bazar do Germânia. Esse é um bazar que acontece aqui em Porto Alegre e é tradicional pelo artesanato que apresenta. A seleção é rigorosa, pois as vendas ultrapassam um shopping. Afinal, presentes de natal no mundo de hoje são lembranças. Lembranças bonitas e bem feitas.
Então, voltando ao bazar, percebi peças super bem feitas, bem acabadas, bem trabalhadas...no quesito costura. Na criação, na combinação, no design e até na simplicidade, bem, um pouco demais. Temos mãos muito capacitadas aqui no Sul!
Porém, perceber para onde vai a humanidade e as tendências é necessário também para se fazer patchwork. Não basta executar, apenas, o que se gosta e copiar projetos prontos adaptando tecidos que sejam parecidos. É preciso colocar mais! É preciso mostrar que é possível fazer de forma diferente. Por isso o filme. Chanel fazia o mesmo de forma diferente.
Xadrez com listrado, branco sujo com preto puro, brilho sem exageros, tudo sem exageros...
Assim a fórmula do adequado, do conforto e da simplicidade se fazem.
Por isso, este filme é um grande ensinamento ao foco, ao projeto, ao pensar no que fazer, a pesquisar com os olhos para onde está indo o caminho.
Defendo o projeto com todas as minhas forças. É possível reproduzir um projeto, mas dando uma cara diferente. É necessário dar personalidade e identidade ao projeto.
É preciso ser brasileiro. É preciso ser criado no Brasil.
Coco Chanel fez isso na França e nós precisamos fazer isso aqui.
Pense nisso!

Boa tarde!











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